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TEXTOS

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ESSA TAL INTIMIDADE
 

Existe algo dentro de nós que quer ser visto. Não admirado. Não aplaudido. Não desejado. Visto. Com todas as camadas, com as dobras, os silêncios, os pequenos absurdos da alma. Algo em nós sonha com o momento em que alguém olha fundo e diz:
 

“Eu te entendo. E sigo aqui.”


Esse é o núcleo da intimidade. Mesmo que a gente não entenda racionalmente, sentimos isso lá no fundo. Não é só sobre amor, nem sobre companhia. É sobre acesso. É o anseio por sermos tocados por dentro — e não por fora. Por sermos conhecidos — não pelas histórias que contamos, mas pelas partes que tentamos esconder.


Desde cedo, aprendemos a nos proteger. Criamos versões, papéis, discursos. Aprendemos a ser agradáveis, interessantes, corretos. Mas atrás disso tudo, habita uma parte que ainda quer ser acolhida como é. Uma parte que diz:
 

“Será que se eu mostrar o que realmente sinto, você fica?”

 

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E quando alguém fica, algo em nós se acalma. Não porque o outro resolve nossos conflitos, mas porque nos dá a permissão para existir sem performance. E isso, nos tempos de agora, é quase um milagre.
 

Desejamos intimidade porque estamos cansados de usar máscaras, mesmo que elas funcionem. Porque, mesmo em meio a tantas conexões, ainda há uma solidão que só se dissolve quando alguém nos enxerga — e nos aceita sem corrigir. Queremos ser íntimos porque queremos ser inteiros. E há pedaços nossos que só se integram quando o outro os reconhece e os valida.
 

Intimidade é, na sua essência, uma forma de pertencimento. É quando deixamos de ser “alguém ao lado de” para nos tornarmos “alguém dentro do mundo do outro.”


Não se trata de carência. Trata-se de humanidade.
 

Porque o amor pode até bastar para manter dois corpos juntos, mas a intimidade é o que permite que duas almas se toquem — sem pressa, sem defesa, sem medo.
 

E mesmo que ela não esteja presente em todas as relações, basta que aconteça de verdade com uma pessoa, em um único momento, para que a gente entenda, ou pelo menos sinta: é disso que somos feitos.

Da vontade de ser visto. E da esperança de que isso não assuste ninguém.

 

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Sobre o autor:

Max Barbosa
Adepto do frio na barriga. Amante das estrelas e da Lua. Fã de cachaça e receitas com manteiga - não margarina. Interessado na simplicidade perdida em meio a tantas explicações.

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