E quando alguém fica, algo em nós se acalma. Não porque o outro resolve nossos conflitos, mas porque nos dá a permissão para existir sem performance. E isso, nos tempos de agora, é quase um milagre.
Desejamos intimidade porque estamos cansados de usar máscaras, mesmo que elas funcionem. Porque, mesmo em meio a tantas conexões, ainda há uma solidão que só se dissolve quando alguém nos enxerga — e nos aceita sem corrigir. Queremos ser íntimos porque queremos ser inteiros. E há pedaços nossos que só se integram quando o outro os reconhece e os valida.
Intimidade é, na sua essência, uma forma de pertencimento. É quando deixamos de ser “alguém ao lado de” para nos tornarmos “alguém dentro do mundo do outro.”
Não se trata de carência. Trata-se de humanidade.
Porque o amor pode até bastar para manter dois corpos juntos, mas a intimidade é o que permite que duas almas se toquem — sem pressa, sem defesa, sem medo.
E mesmo que ela não esteja presente em todas as relações, basta que aconteça de verdade com uma pessoa, em um único momento, para que a gente entenda, ou pelo menos sinta: é disso que somos feitos.
Da vontade de ser visto. E da esperança de que isso não assuste ninguém.